quarta-feira, 2 de março de 2011

Lóriem

Há uma casa,num lugar muito distante que jaz esquecida na memória de todos.
Diante de tanta labuta e dor,este lugar estende paz e descanso a quem necessita.
Por muito tempo em sofrimento estiveram estes nas planícies terrenas,
demasiadamente fatigados de seus encargos e das falhas,dos seus trabalhos desfeitos,
da ruína em suas criações.
Para isso foi criado um lugar,nos limites do mundo,aonde todas as feridas são sanadas.
É preciso perseverança para alcançá-lo.Somente após muitas trevas,frio e vazio,pequenas
esferas de luz vagarosamente começam a indicar o caminho por entre rochas flutuantes.
E quando finalmente a mente consegue fechar os olhos passa-se a enxergar a cor unívoca
dos luzeiros-a porta se abre.
Uma bela dama de cabelos negros e vestes cinzas recebe os forasteiros e convida-os a
entrar em sua morada.Cantos distantes ecoam em todo o lugar ressoando notas singelas
e misteriosas.A música se confunde com o som do vento e de águas prateadas que parecem
levar todo o labor para além-mar.O céu é banhado por cores nunca vistas anteriormente,
e as nuvens constantemente dançam entre as alturas para o frescor dos campos.Tudo o que cresce é abençoado e iluminado.Afagado pela chuva cristalina nada morre nessas terras.
Ali tudo é brilhante e leve,tudo vive em completa harmonia.Em cada pedra e escultura
entalhada como adorno vive o amor e o esmero.
Mesmo parecendo estranho e misterioso quando se olha os símbolos,se sente vento,e se escuta
as notas dissonantes,aos poucos a alma cai em repouso e a memória se esvai.Chega a noite
e tudo que é dúvida e inquietude mingua,transformando-se numa longa existência onírica onde tudo é belo e mágico,onde o sonho e o dia se unem em fato.
Infelizmente,as cicatrizes terrenas se tornam tão profundas que muitos não chegam a este
lugar.Porém,a todos que desejam fortemente o cessar de suas angústias,o caminho permanece
intacto,mesmo que as luzes se recolham atrás das sombras.As suas fontes continuarão a emoldurar a casa dos sonhos até que o último barco suma no horizonte além das estrelas imemoriais.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Wait For Sleep

Standing by the window
Eyes upon the moon
Hoping that the memory
Will leave her spirit soon

She shuts the doors and lights
And lays her body on the bed
Where images and words are running deep
She has to much pride to pull the sheets above her head
So quietly she lays and waits for sleep

She stares at the ceiling
And tries not to think
And pictures the chain
She's been trying to link again
But the feeling is gone

And water can't cover her memory
And ashes can't answer her pain
God give me the power to take breath from a breeze
And call life from a cold metal frame

In with the ashes
Or up with the smoke from the fire
With wings up in heaven
Or here lying in bed
Palm of her hand to my head
Now and forever curled in my heart
And the heart of the world
-Dream Theater

sábado, 29 de janeiro de 2011

Sábio

um sábio nunca sorri
nunca em sua mente dá espaço ao desdém
sempre vigilante,atento a tudo
seu amor nunca se esvai
apenas guardado esperando a tormenta ir embora
em meio as forças turbilhionantes do mundo hostil,
sua fé continua inabalável
mesmo com os projéteis ardentes das línguas cheias de mostarda
mesmo com o desdém daqueles que o merecem
com sua calma semelhante ao mar infinito,
aguarda a hora certa de despertar sua ira justa
espera até o fim das coisas para o veredicto final
suporta a zombaria,suporta o escárnio sem o menor esforço
continua em seu caminho solitário
com os olhos fixos no prêmio
persevera em todas as coisas
observa os sinais e permanece em sua trilha
ignora as cicatrizes e a poeira no vento
seu amigo é o ermo,a planície desértica e o exílio
seu amigo são os pássaros nos céus e árvores
seu amigo é a chuva e o próprio Deus
por isso ama as riquezas da terra e não as almeja
se veste em serrapilheira
e carrega apenas seu arco e sua rabeca
incessante em sua jornada,espera até que finde a sua vida
porque?
pois este é um sábio

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Primeira Impressão

Olhamos,e sempre falamos algo.Sempre com a mesma prepotência,a mesma frieza,o mesmo desdém.Pelas janelas que encontramos por aí,sempre nos absorvemos em olhar através desse retângulo sem nos perguntar o que está além disso,além da moldura que nos é colocada constantemente diante de nossos olhos.O homem que se aventura a enxergar além sempre encontra uma nova tela pintada completamente diferente da anterior.Quanto mais se enxerga além mais se tem certezas contraditórias sobre fatos diversos.Mais um ciclo vicioso se apodera do mundo.Uma eterna confusão sem solução,sem saída.A única certeza é a raiva sobre a ineficiência humana.A raiva sobre tantos perdidos borbulhando declarações profanas em suas bocas.Animais trocando de pele nas esquinas como larvas malditas propagando a doença infernal de um sistema podre.Numa mensagem como esta se vê o exemplo da inércia improfícua que assola a todos.Seu efeito é o mesmo de um grito,um latido que irrita aos ouvidos de quem ouve e não causa efeito benéfico algum.Então uma pergunta sobre o motivo desse discurso é inútil,pois não há crítica que tenha bons efeitos a não ser que a pessoa queira.Isso tudo é sobre o sentimento de exaustão que sinto.Sobre atitudes iguais em todos os lugares.Sobre peles forjadas e vestidas por todos sem nunhuma resistência.Sobre prepotentes achando soluções de equações de variáveis infinitas.Sobre mecanismos criados para o definhamento de nossa raça.Sobre como a poesia morre a cada dia num alvorescer fétido que me enoja constantemente.É por isso que escrevo palavras tão desagradáveis,por que apesar de ter a certeza de que sempre haverá novas considerações e imagens além do vidro da janela,eu faço parte da mesma merda que vocês.